O cinema argentino mostra sua excelência e diversidade em “O Suplente”, dirigido por Diego Lerman, que foi elogiado em Toronto e fez sucesso em San Sebastián. O filme desafia as convicções sociais, explorando as disparidades globais através de experiências pessoais cotidianas, cheias de peculiaridades. Ele nos convida a enxergar o ambiente escolar como um reflexo da sociedade, onde visões utópicas se misturam com realidades divergentes, abrindo espaço para a complexidade das relações humanas, com a poesia emergindo como força unificadora, anunciando a ascensão de um protagonista improvável.
A narrativa, coescrita por Lerman e colaboradores, lembra “Sementes Podres” (2018), com a comédia se misturando a temas de redenção juvenil, porém “O Suplente” se aprofunda em suas preocupações. Juan Minujín interpreta Lucio Garmendia, um educador que busca despertar o amor pela literatura em estudantes desiludidos, mergulhando nas realidades de uma escola marginalizada em Buenos Aires. O filme é construído com precisão, desde a cena de abertura, preparando o espectador para uma jornada de introspecção e confronto com o fracasso.
“O Suplente” entrelaça tramas secundárias que enriquecem a jornada de Lucio, um herói relutante que, apesar dos desafios, mantém sua fé na transformação. A figura do professor, semelhante a Chaplin, mostra um homem destinado a enfrentar adversidades, com sua sala de aula sendo apenas o começo de seus desafios. Fora dali, Lucio tem que lidar com seu pai doente, sua filha depressiva e sua ex-esposa, encontrando em Dilan, um jovem traficante com coração de poeta, um vínculo genuíno com sua missão.
O clímax do filme não traz reviravoltas dramáticas para Lucio, mas o retrata como um eterno substituto, cuja presença em várias vidas nunca se apaga, apesar das tempestades que enfrenta. No final, ele permanece como uma figura melancólica e reflexiva, mostrando que sua jornada é contínua e cheia de significado.
Filme: O Suplente
Direção: Diego Lerman
Ano: 2022
Gênero: Drama
Nota: 9/10
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