Aliados e apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) vivem um clima de desalento após a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão. O veredito já era esperado, mas ainda assim não houve pulsão para mobilizar apoiadores para as ruas.

A aposta única agora é insistir num acordo no Congresso que viabilize a anistia ao líder político e aos condenados nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Há um texto em discussão, mas muito aquém do que eles esperavam, prevendo apenas redução das penas.

Aliados atribuem a ausência de reação nas ruas à falta de clima diante do estado do ex-presidente, tanto clínico quanto psicológico. Eles mencionam a dificuldade de chamar atos tão próximos e dizem que o de 7 de Setembro, que ocorreu durante o julgamento, já cumpriu a missão de defender Bolsonaro.

Eles também colocam a culpa da desmobilização em Alexandre de Moraes, do STF. Uma das análises dos bolsonaristas dá conta de que apoiadores estariam com medo de se manifestar, com os avanços das investigações e condenações na corte.

Outra diz que Bolsonaro foi preso a conta-gotas, o que dificultaria mobilizações. O ex-presidente foi alvo de medidas cautelares dia 18 de julho, quando foi impedido de dar entrevistas e colocou uma tornozeleira eletrônica. Em 4 de agosto, foi decretada a prisão domiciliar.

A linha do tempo é usada como justificativa, sobretudo se comparada a 2018, quando Lula (PT) fez de sua prisão um ato político em São Bernardo do Campo. À época, o petista foi condenado no caso do tríplex em Guarujá e do sítio de Atibaia, sob acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.

Antes de ser detido, ficou alojado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, e se entregou após dois dias. No local, discursou e se entregou à Polícia Federal em meio a militantes, que protestavam.

Já bolsonaristas se reuniram em uma vigília em frente ao condomínio do ex-presidente, que ocorreu na noite em que Bolsonaro foi condenado a quase três décadas de prisão.

Os religiosos e aliados do ex-presidente reforçaram o discurso de perseguição, pediram orações e esperança à plateia de poucos fieis que acompanhava o carro de som. Todos os dias eles têm se reunido no mesmo local.

Naquela fatídica quinta-feira, havia cerca de 40 apoiadores apenas, a mesma quantidade de outros dias. O caminhão carrega uma faixa que pede a volta de Bolsonaro e, em frente, há uma réplica de papelão do ex-presidente, em tamanho real. Os bolsonaristas se reúnem no local, com camisetas da seleção brasileira ou envoltos na bandeira do Brasil ou de Israel.

“Começa a vir a dúvida, começa a ter preocupação. E agora, Jesus, quem Bolsonaro vai indicar [à Presidência]? Sabem qual a resposta?”, questionou Eduardo Torres, irmão de Michelle Bolsonaro, em cima do carro de som.

Os apoiadores gritavam “Bolsonaro”. “E se tudo der errado, quem é candidato?”, a que respondiam mais uma vez o nome do ex-presidente em coro.

“O candidato será Jair Messias Bolsonaro. O milagre nem começou, mas viveremos esse milagre”, concluiu Torres.

À espera de um milagre ou de anistia, o ex-presidente segue em prisão domiciliar, ainda sem expectativa de ver na televisão outro ato de apoiadores. Seus aliados, que torcem para que o STF não determine prisão em presídio ou carceragem da PF, falam na possibilidade de atos espontâneos, caso isso se efetive.

Não há nada programado e aliados dão conta de que os recursos se esgotarão em novembro.

O pastor Silas Malafaia, organizador dos atos na Avenida Paulista, nega desânimo da militância e diz que os atos de 7 de Setembro já cumpriram esse papel.

“Não dá para ficar fazendo manifestação uma atrás da outra, não, quem paga? Já fizemos 7 de setembro, era contra a prisão de Bolsonaro, pela anistia. Ah, vai ver quanto custa”, afirmou.

“Já fizemos cinco este ano. Nada a ver com desânimo, medo. Acho que não é o momento”, completou.

O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) também relembrou do ato no Dia da Independência. “Tivemos mega movimentos em todo o Brasil no 7 de setembro e lá protestamos sobre a condenação de Bolsonaro, que já sabíamos o resultado. Quando a política invade os tribunais, a Justiça foge pela janela. Em breve faremos mega movimentos”, afirmou.

Em plataformas de mensagem, o bolsonarismo continuou ativo, com termos ligados ao ex-presidente e ao julgamento em alta.

Um levantamento feito pela Palver, a pedido da Folha, mostra que o dia com teve maiores menções a Bolsonaro em grupos públicos de WhatsApp foi o da determinação da tornozeleira eletrônica.

Em 18 de julho, foram cerca de 2 mil menções a Bolsonaro a cada 100 mil —quase o dobro do pico de menções a Lula (PT).

Depois disso, os números voltam aos patamares anteriores, mas ainda consideravelmente mais altos do que os do petista.

Um vídeo divulgado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi compartilhado por bolsonaristas nas redes sociais e resume o clima de aliados do ex-presidente nesse período pós-condenação.

Em tom emocionado, não de enfrentamento, o parlamentar conhecido por seus vídeos em redes sociais faz uma carta aberta a Bolsonaro. Ele relembra sua trajetória no Exército e na política, contesta o julgamento da trama golpista e diz que ele foi condenado por lutar contra o que chamou de “sistema sujo”.

“Se, por acaso, o senhor [Bolsonaro] tiver a oportunidade de ver esse vídeo, saiba que não são palavras minhas apenas, empresto minha boca a milhões de brasileiros que ainda confiam no senhor, choram por sua prisão, mas que não perdem a fé. Deus continue sustentando sua vida. Anistia virá para todos, estamos lutando por isso”, afirmou.

Preso, Bolsonaro não pode ter acesso ao telefone ou às redes sociais.

Após a condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão, seus aliados experimentam um clima de desalento, evidenciado pela ausência de atos massivos de apoio nas ruas. Embora uma anistia para Bolsonaro e outros condenados por ataques de 8 de janeiro esteja sendo discutida no Congresso, a proposta é considerada insatisfatória, pois prevê apenas a redução das penas. A falta de mobilização é atribuída ao estado clínico e psicológico do ex-presidente, além de temores em relação às consequências de manifestações diante de investigações em andamento. Diferente da mobilização em torno da prisão de Lula em 2018, os bolsonaristas se reúnem em vigílias discretas, mostrando um apoio contido. Líderes religiosos e aliados insistem em mensagens de esperança e oração, mas reconhecem que os recursos e a energia para novas manifestações entram em colapso. Embora o bolsonarismo siga ativo nas redes, um sentimento de incerteza paira sobre o futuro do movimento, enquanto expectativas de uma anistia ou de um “milagre” ainda são alimentadas entre os apoiadores, que aguardam por novos desenvolvimentos.

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Produzido e/ou adaptado por Equipe Tretas & Resenhas, com informações da FONTE.

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