A atenção do mercado está voltada, nesta terça-feira (23), para a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) pelo Banco Central, documento que detalha os argumentos usados na decisão da semana passada de manter a Selic em 15% ao ano. O mercado costuma ler cada linha desse material em busca de pistas sobre os próximos passos da autoridade monetária, especialmente em relação ao tempo que a taxa básica deve permanecer no atual patamar.
Mais tarde, às 10h30, o Ministério da Fazenda publica o resultado da arrecadação federal de agosto. O dado mostra quanto o governo conseguiu recolher em impostos e contribuições, servindo de termômetro para medir a força da atividade econômica e a capacidade de financiar as contas públicas.
Nos Estados Unidos, o foco dos investidores se divide entre discursos de dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e dados de atividade. O ponto alto da agenda ocorre às 13h45, quando Jerome Powell, presidente do Fed, fala em evento público. Suas declarações são acompanhadas de perto porque podem indicar se a autoridade monetária vê espaço para cortes de juros nos próximos meses.
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Antes de Powell, outros membros do Fomc (Federal Open Market Committee, o comitê que define os juros nos Estados Unidos) também se pronunciam. Às 10h, é a vez de Michelle Bowman, seguida por Raphael Bostic às 11h. Cada um deles pode reforçar ou contrastar a mensagem do presidente, o que costuma movimentar os mercados de câmbio e renda fixa.
Entre os indicadores, às 10h45 saem os PMIs (Purchasing Managers Index, índice de gerentes de compras) de setembro tanto da indústria quanto de serviços.
Wall Street também acompanha a crescente chance de paralisação do governo antes do prazo de 30 de setembro, após o Senado rejeitar na semana passada propostas para financiar temporariamente o governo federal. Embora o mercado de ações historicamente tenha minimizado esses episódios, desta vez a preocupação é maior, já que a economia atravessa o cenário mais frágil em mais de duas décadas.
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Agenda
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) começa nesta terça-feira (23) e vai até a segunda-feira (29), em Nova York, com atenção para a participação de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O Brasil, como tradição, abre os discursos hoje, e Lula deve falar por volta das 10h15, logo após a abertura oficial marcada para as 10h. O encontro ocorre em meio ao aumento das tensões comerciais, após Washington aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Embora não haja reunião bilateral confirmada, a expectativa é se os dois líderes poderão se cruzar nos bastidores do evento.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista ao vivo a ICL Notícias, a partir das 8h30. Ele também participa da abertura da 2ª edição do Congresso de Direito Tributário do IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), em Brasília. Também estarão presentes o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Roberto Barroso, e o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Gurgel de Faria. A cerimônia está marcada para as 19h, e o evento segue até quinta-feira (25).
Já o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem reunião com a Febraban e bancos.
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Brasil
- 8h Ata do Copom –
- 10h30 – Arrecadação federal (agosto)
EUA
- 10h – Discurso de Bowman, membro do Fomc
- 11h – Discurso de Bostic, membro do Fomc
- 13h45 – Discurso de Powell, presidente do Fed
- 10h45 – PMI de indústria (setembro)
- 10h45 – PMI de serviços (setembro)
- 17h30 – Estoques de petróleo (semanal)
INTERNACIONAL
Novas sanções
O governo Donald Trump anunciou na segunda-feira (22) novas sanções contra aliados do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ampliando restrições em meio à viagem do presidente Lula (PT) a Nova York para a Assembleia Geral da ONU. A advogada Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro, e a empresa da família foram incluídas na lista da Lei Magnitsky, que prevê congelamento de bens e bloqueio de operações financeiras. Em paralelo, Washington revogou vistos de integrantes do Judiciário, da AGU (Advocacia-Geral da União) e de ex-ministros brasileiros.
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Em resposta
Moraes disse que o Judiciário brasileiro não aceitará coação do governo Trump. Em nota, classificou a medida como ilegal, ofensiva à soberania nacional e contrária ao direito internacional. O STF também divulgou comunicado chamando a punição de injusta e baseada em narrativas falsas. O Ministério das Relações Exteriores afirma que o Brasil “não se curvará a mais essa agressão” e que a medida não alcançará “seu objetivo de beneficiar aqueles que lideraram a tentativa frustrada de golpe de Estado, alguns dos quais já foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal”. Já o deputado democrata Jim McGovern, um dos coautores da Lei Magnitsky, classificou ação do governo Trump como “vergonhosa”.
Após condenação
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, deve anunciar a resposta americana à condenação de Jair Bolsonaro nesta terça-feira (22). A medida vem em meio a tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. O anúncio deve detalhar ações como sanções ou restrições relacionadas ao caso.
ECONOMIA
Orçamento de 2025
O governo do presidente Lula anunciou na segunda-feira (22) o bloqueio de mais R$ 1,4 bilhão do Orçamento de 2025, elevando para R$ 12,1 bilhões o total de despesas indisponíveis para os ministérios. A medida busca compensar o aumento de gastos obrigatórios e garantir o cumprimento do arcabouço fiscal. Segundo o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, a preocupação principal da equipe econômica está na queda da arrecadação, afetada pela política de juros do Banco Central.
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Leilão do BC
O Banco Central realizará, na quarta-feira, dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra, no valor total de até US$ 2 bilhões.
Polo de data centers
O presidente Lula (PT) se reuniu na segunda-feira (22) em Nova York com o diretor-executivo do TikTok, Shou Zi Chew, que manifestou interesse em instalar um data center no Ceará. Participaram também o governador Elmano de Freitas (PT), o ministro da Educação, Camilo Santana, e a primeira-dama Janja da Silva. O projeto já foi estimado em R$ 50 bilhões e pode colocar o Ceará à frente do Rio de Janeiro como polo de data centers no país.
Frango
A partir desta terça-feira (23), a União Europeia volta a importar frango do Brasil, após a suspensão causada pelo primeiro caso de gripe aviária no país, em maio. O retorno deve movimentar cerca de 26 mil toneladas do produto, enquanto a China avalia a situação antes de retomar compras.
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Isenção de IR
O governo negocia com o Congresso a manutenção da isenção de Imposto de Renda para debêntures, CRI e CRA. A medida representaria recuo em relação à proposta inicial de cobrança de 5% sobre esses títulos. O acordo ainda depende da decisão do ministro Fernando Haddad e do presidente Lula.
POLÍTICA
Denunciados
A Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão que representa o Ministério Público Federal e atua como fiscal da lei em casos que envolvem autoridades e a União, denunciou Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Figueiredo por coação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Segundo a PGR, eles pressionaram ministros do STF e buscaram sanções dos EUA contra a Corte. O órgão pede a condenação dos denunciados e reparação pelos danos causados.
Reação
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo reagiram à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por coação, classificando o processo como “fajuto” e acusando perseguição política. Eles chamaram o procurador-geral, Paulo Gonet, de “lacaio” de Alexandre de Moraes e afirmaram que residem nos EUA, protegidos pela Primeira Emenda americana. A dupla reforçou que não se intimidará e defendeu uma anistia “ampla, geral e irrestrita” no Brasil.
Quebra de decoro
O Conselho de Ética da Câmara avalia nesta terça-feira (23) representação do PT contra Eduardo Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar. Caso avance, Eduardo pode enfrentar sanções tanto no Judiciário quanto no Parlamento.
Homologação
A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) homologa hoje a ata do julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado. A decisão formaliza o resultado do processo que avaliou ações destinadas a interferir ilegalmente na ordem democrática do país. Com a homologação, as condenações passam a ter validade oficial e podem gerar efeitos jurídicos imediatos.
PEC da Blindagem
O relator da PEC da Blindagem, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), afirma que a proposta é absurda e inconstitucional, e vai defender seu arquivamento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele critica a PEC por proteger parlamentares e líderes de partidos mesmo em crimes graves, considerando-a um “show de horrores completo”. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o senador Otto Alencar (PSD-BA), reforçou que irá colocar a PEC para votação no colegiado nesta quarta-feira (24).
Ao jornal O Globo, Alencar rejeitou a possibilidade de levar à votação um texto alternativo, que vem sendo negociado nos bastidores por parlamentares do Centrão. Em postagem nas redes sociais, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) defendeu um novo texto que restringe o alcance da blindagem apenas a crimes contra honra. Alencar disse que Ciro está “tentando uma saída honrosa para quem votou a favor”.
Quer ficar
O ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, pediu a Lula para permanecer no cargo e apresentou uma agenda de entregas, incluindo a readequação das contrapartidas do leilão do 5G, como cobertura de rodovias e conexão de escolas. Filho não é mais filiado ao União Brasil. Ele avalia alternativas tecnológicas, como satélites, para superar desafios de infraestrutura, especialmente na Amazônia. O governo também planeja um novo leilão da faixa de 700 MHz e avança na conexão de todos os municípios com 4G.
Careca do INSS
Rubens Oliveira, apontado como intermediário do Careca do INSS, disse à CPI que empresas ligadas a ex-diretores do INSS receberam cerca de R$ 6,8 milhões da Prospect Consultoria, de Antonio Carlos Antunes. Ele negou ser sócio de Antunes e afirmou ter atuado apenas como administrador financeiro. Durante o depoimento, Oliveira se reservou o direito de permanecer em silêncio sobre possíveis pagamentos de propina, com base em habeas corpus do STF.
Corporativo
Latam e Embraer (EMBR3)
A Latam Airlines firmou acordo com a Embraer (EMBR3) para a compra de até 74 aeronaves E195-E2, incluindo 24 encomendas firmes avaliadas em US$ 2,1 bilhões (R$ 11,22 bilhões) e 50 opções de compra. As entregas começam no segundo semestre de 2026, inicialmente para a Latam Brasil, com potencial de incluir outras afiliadas do grupo. Com a nova frota, a companhia poderá expandir até 35 destinos na América do Sul, onde o Brasil é o principal mercado.
(Com Reuters, Estadão, O Globo e Agência Brasil)
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