Assista ao trailer do filme “Ne Zha 2: O renascer da alma”
Em 2025, a grande surpresa do cinema mundial foi “Ne Zha 2: O renascer da alma”, que se tornou um fenômeno de bilheteria com mais de US$ 2 bilhões arrecadados. A animação chinesa, que estreia no Brasil nesta quinta-feira (25), conseguiu a proeza de ultrapassar blockbusters como “Lilo & Stitch”, “Jurassic World: Recomeço” e “Superman”.
Além do desempenho impressionante nas salas, o filme oferece uma boa aventura, com muitas cenas épicas, bom humor, reviravoltas e momentos bem emocionantes.
Sequência de “Ne Zha” (2019), o novo filme começa exatamente onde o anterior terminou. Mas mesmo quem não viu a primeira parte deve compreender o que aconteceu na trama, porque tudo fica bem explicado logo nos minutos iniciais.
Nessa parte, o público descobre que Ne Zha — uma criança destinada a se tornar um ser demoníaco, mas que vira um improvável herói — teve seu corpo destruído após a batalha final, assim como seu amigo Ao Bing. Seus espíritos, no entanto, são reconstruídos por uma flor de lótus mágica.
Só que o feitiço não é completado e os jovens guerreiros acabam tendo que dividir o mesmo corpo. Para reverter esse quadro, a dupla terá que embarcar numa jornada para obter uma nova flor de lótus. Além disso, precisa voltar a tempo de impedir que dragões marinhos destruam a comunidade que juraram proteger. No processo, tanto Ne Zha quanto Ao Bing enfrentarão não só poderosos inimigos como também questionamentos sobre quem realmente eles são.
Exuberância animada
“Ne Zha 2: O renascer da alma” teve um orçamento de cerca de US$ 80 milhões e levou cinco anos para ficar pronto. E todo esse dinheiro pode ser visto na tela. A animação tem um ótimo acabamento, tanto nos exuberantes cenários em computação gráfica quanto na movimentação mais fluida dos personagens.
Os amigos Ao Bing e Ne Zha enfrentam muitos inimigos em ‘Ne Zha 2: O renascer da alma’
Divulgação
Isso faz com que as cenas de ação fiquem ainda mais empolgantes, com uma agilidade pouco vista em filmes do gênero. Assim, não fica muito difícil o espectador embarcar na experiência proporcionada pela produção chinesa. Especialmente para quem gosta de ver batalhas épicas na telona. Sejam elas em animações quanto com atores de carne e osso.
Outra coisa que chama a atenção é que os personagens possuem características físicas que fogem do aspecto tradicional que já mostra sinais de desgaste, como as animações da Pixar, que praticamente padronizou o design em quase todos os seus lançamentos recentes. Isso pode ser notado, por exemplo, em Ne Zha, que até possui alguns traços que o deixam mais simpático.
Porém, ao mesmo tempo, o protagonista não tem os dentes perfeitos e uma expressão ambígua, que não deixa clara quais são suas verdadeiras intenções. Isso dá uma camada a mais ao personagem que conquista por alguns momentos divertidos e outros dramáticos.
Só que a animação, apesar de ter um ritmo alucinante, especialmente em seu terço final, sente o peso de ter uma longa duração. Com 144 minutos de duração (duas horas e 24 minutos), o filme pode cansar os espectadores não iniciados, com a sensação de que alguns momentos da trama poderiam ser condensados para ganhar mais agilidade. Mas a animação procura compensar isso com algumas surpresas que mantém a atenção para saber até onde a trama vai.
Ne Zha e Ao Bing voltam dos mortos no filme ‘Ne Zha 2: O renascer da alma’
Divulgação
Mitologia chinesa
Com US$ 2,2 bilhões arrecadados até julho de 2025 (cujos 98% foram obtidos só nas bilheterias da China), “Ne Zha 2: O renascer da alma” é uma boa oportunidade para que outros países possam conhecer diferentes formas de contar histórias através da animação.
O filme trabalha bem elementos de sua cultura para o grande público (embora não seja uma animação liberada para crianças assistirem) e serve para introduzir a mitologia para quem não é iniciado.
Além de trazer uma trama que empolga e diverte, o filme também ganha pontos ao carregar na emoção, em especial a respeito dos conflitos que passam a perturbar Ne Zha, em especial sobre suas origens e quem ele está predestinado a ser.
Cena do filme ‘Ne Zha 2: O renascer da alma’
Divulgação
Por isso, o longa ganha mais peso e deixa de ser um mero passatempo engraçadinho, como parece nos minutos iniciais. Vale também destacar o bom trabalho dos dubladores brasileiros, que dão personalidade aos personagens.
Com uma boa, porém um pouco comprida, cena pós-créditos, que indica que devem vir mais histórias desse universo fantástico, “Ne Zha 2: O renascer da alma” se destaca entre as animações lançadas em 2025 não só pelo excelente resultado financeiro.
Mais do que números impressionantes, o filme merece ser descoberto pelo público internacional por sua ousadia estética, narrativa envolvente e emoção genuína. Uma prova de que a animação chinesa pode rivalizar, e até superar, os gigantes de Hollywood.
Cartela resenha crítica g1
Arte/g1
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