Ninguém precisa ensinar a Luiz Inácio da Silva (PT), presidente três vezes, que governar é uma coisa e fazer campanha é outra, embora ele insista em exercer as duas atividades como se fossem a mesma coisa.
Ele se vale de dois fatores: a habilidade de candidato e a benevolência mais ou menos geral decorrente da memória do mito do operário que virou chefe da nação. Mas há momentos, e este está com jeito de ser agora, em que é preciso fazer escolhas.
Governistas dizem nos bastidores que, depois da derrota da semana passada na Câmara, Lula quer recompor a base de apoio parlamentar. Ao mesmo tempo, presidente e ministro da Fazenda vão aos microfones praticamente chamar os congressistas de traidores da pátria.
Pois tem algo de paradoxal aí. Ou bem o presidente pretende reatar relações produtivas com os parlamentares ou o candidato segue a estratégia de tratá-los como adversários para ganhar pontos com a população corretamente irritada com condutas e decisões inaceitáveis num Legislativo que se preze.
A derrubada de uma MP além de não ser fato inédito é prerrogativa assegurada na Constituição. No caso específico, o governo já havia sido avisado de que aumento de impostos não passaria no Congresso. Isso foi desenhado em junho, na recusa do decreto de novas alíquotas para o IOF.
Presidente Lula e ministro Fernando Haddad (PT) trataram a questão como crime de lesa-pátria. Na visão deles, a oposição inviabiliza o país por razões político-eleitorais.
Ninguém precisa ensinar ao PT o que é fazer oposição. Mas é bom recordar que a derrota dita lesiva foi sobre uma MP, enquanto os petistas, se maioria fossem há mais de 30 anos, o Plano Real teria sido rejeitado. Votaram contra, assim como fizeram com a privatização das telecomunicações. Só para citar dois pontos que de fato prejudicariam o Brasil, se prevalecesse a ótica do atraso.
Mas, tudo bem, assim é. Portanto, o governo não pode sonhar com a unanimidade e reverência de todos porque isso não é do embate democrático.
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Luiz Inácio da Silva (PT), presidente em sua terceira gestão, parece confundir a governança com a campanha eleitoral, utilizando sua imensa popularidade e a imagem do operário que se tornou chefe de Estado para manter sua base popular. Após uma derrota na Câmara, Lula busca reconstruir sua base parlamentar, mas adota um tom de confronto, chamando os congressistas de traidores. Essa dualidade na sua abordagem gera confusão: ele quer cultivar relações enquanto também os vilifica na esperança de ganhar apoio popular. A recente derrubada de uma Medida Provisória (MP) demonstra que o Congresso já tinha sinalizado a rejeição a aumentos de impostos, algo que o governo ignorou. Lula e Fernando Haddad tratam essa derrota como um crime contra a pátria, mas os petistas também foram opositores no passado, já que rejeitaram ações que são consideradas fundamentais, como o Plano Real. Assim, é essencial que o governo reconheça que a democracia implica em embates, e não é razoável esperar unanimidade em suas decisões.
Neste contexto, fica claro que a postura de Lula precisa ser revista, pois os desafios da governança vão além da popularidade e das paixões eleitorais.
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