O Ministério Público Federal apresentou denúncia contra o influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira, e outras dez pessoas, acusando o grupo de estruturar um amplo esquema de lavagem de dinheiro que operava paralelamente a plataformas de apostas e negócios fictícios. O documento foi obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo.
A investigação, batizada de Operação Narco Bet, aponta que o influenciador e seus associados movimentaram grandes quantias por meio de empresas de fachada, laranjas, rifas e transações digitais.
Segundo o MPF, Buzeira teria sido o responsável por impulsionar o fluxo inicial dos recursos, utilizando apostas clandestinas e promoções online para gerar dinheiro irregular. As defesas dos denunciados negam todas as acusações.
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Já o contador Rodrigo de Paula Morgado, morador de Santos, teria assumido o comando das engrenagens financeiras, abrindo empresas fantasmas, articulando repasses simulados e convertendo valores em criptoativos para mascarar a verdadeira origem do dinheiro.
A PF estima que Morgado tenha movimentado mais de R$ 150 milhões em contas pessoais, além de ter recebido valores elevados em moedas digitais.
Entre agosto de 2023 e março de 2025, o influenciador enviou ao menos US$ 15 milhões ao contador por meio de transações em cripto, segundo a denúncia. Para os investigadores, a circulação dos valores seguia um roteiro sofisticado: o dinheiro passava por múltiplas camadas de contas, de empresas fantasmas a pessoas físicas, até ser pulverizado entre os beneficiários.
O relatório identifica 21 práticas distintas de lavagem, incluindo compras de imóveis, notas fiscais milionárias, caixas paralelos e uma série de operações simuladas destinadas a “esquentar” o patrimônio.
A Narco Bet nasceu de um desdobramento da Operação Narco Vela, que desarticulou um braço do tráfico internacional ligado ao PCC. Embora a origem do caso esteja associada à investigação do tráfico, o MPF afirma que a denúncia contra Buzeira e Morgado se concentra exclusivamente em possíveis crimes financeiros, sem atribuição direta de envolvimento com o transporte internacional de drogas.
A ação resultou em bloqueio de mais de R$ 600 milhões em bens e na apreensão de veículos importados, motos aquáticas, joias, relógios e dinheiro em espécie. Ao todo, foram expedidas 11 ordens de prisão e 19 mandados de busca em quatro estados. Uma das prisões ocorreu com apoio da polícia alemã, em cumprimento a uma ordem internacional. Buzeira e Morgado foram detidos em outubro, em Santos.
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O processo tramita no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3), em São Paulo. As defesas dos acusados afirmam que as imputações são indevidas e que os clientes não têm relação com o tráfico internacional.
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