Enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), expressa a torcida para que o amigo Rodrigo Pacheco (PSD-MG) seja indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal), o senador mineiro vive hoje o que pessoas próximas consideram ser um dilema.
Aliados de Pacheco dizem que ele não esconde o desejo de ser ministro do Supremo. A chance parece bater à porta, com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, a ótima relação construída com o presidente Lula (PT), a preferência do Senado e as credenciais de advogado.
Apesar disso, Pacheco depende não só do desejo pessoal de Lula, mas também de uma equação que o petista ainda não disse como pode resolver: a disputa pelo governo de Minas Gerais, onde sobram nomes da direita.
Lula já declarou mais de uma vez que, se Pacheco quiser, ele será o candidato dele a governador de Minas Gerais em 2026.
Segundo interlocutores, o senador ainda não decidiu se vai se candidatar, mas sabe que não há plano B para a frente ampla de Lula em Minas e que o presidente precisa de palanque no estado, o segundo maior colégio eleitoral do país, para a disputa à reeleição. Recentemente, afirmou que fará o que o petista quiser.
Tanto o nome do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), como o da prefeita Marília Campos (PT), de Contagem (maior cidade administrada pelo PT no país), são considerados inviáveis contra os bolsonaristas Cleitinho (Republicanos) e Matheus Simões (Novo), vice do governador Romeu Zema (Novo).
“Eu tenho certeza que vamos ganhar o estado de Minas Gerais com o Pacheco, ele sabe disso. É só ele se dispor a ser candidato. Se ele for candidato, será o futuro governador de Minas Gerais. Espero que, dentro de poucos dias, a gente tenha essa definição”, declarou Lula à rádio Itatiaia em agosto.
Se a situação parece complexa em Minas, no Senado Alcolumbre esbanja soluções. Dias antes do anúncio de Barroso, o presidente do Senado afirmou a colegas que vai trabalhar para que Pacheco tenha o maior número de votos da história, caso seja indicado para o Supremo.
Segundo uma pessoa que testemunhou a cena, Alcolumbre disse querer os 80 votos possíveis (o presidente só pode votar se houver empate) e brincou que Pacheco deve perder só o voto do senador Eduardo Girão (Novo-CE), notório defensor do impeachment de ministros, além de famoso entre os colegas por ser sempre do contra.
Alcolumbre afirma em conversas reservadas que hoje Pacheco é o que tem mais apoio dentre os demais cotados, o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, e o controlador-geral da União, Vinicius de Carvalho.
O presidente do Senado também exalta o amigo, a quem considera um irmão. Alcolumbre diz que o Supremo e as demais instituições teriam muito a ganhar com o perfil moderador de Pacheco.
Senadores também contam ter ouvido de Alcolumbre que Pacheco se desgastou com o eleitorado mineiro ao defender a democracia e enfrentar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) —e que seria legítimo, portanto, que ele fosse recompensado com uma vaga de ministro.
Pacheco também conta hoje com a defesa do ministro do Supremo Gilmar Mendes, como mostrou a colunista Mônica Bergamo. Numa reunião social em agosto, Gilmar disse que escolheria Pacheco, se pudesse.
“A Corte precisa de pessoas corajosas e preparadas juridicamente. E o senador Pacheco é o nosso candidato. O STF é jogo para adultos”, disse, dando a entender que Pacheco tem o apoio de outros magistrados.
Pacheco é próximo do ministro Alexandre de Moraes. Também foi publicamente elogiado pela ministra Cármen Lúcia em 2023.
O senador foi procurado, mas não quis comentar as especulações em torno do nome dele. Barroso anunciou que vai antecipar sua aposentadoria nesta quinta-feira (9). O ministro, que tem 67 anos, poderia ficar até 2033 no cargo, quando completaria 75 anos e teria que se aposentar.
“Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos, mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e exigências do cargo”, disse Barroso, emocionado.
Davi Alcolumbre, presidente do Senado, demonstra apoio à candidatura de Rodrigo Pacheco ao STF, um desejo expresso pelo próprio Pacheco. Com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, as perspectivas aumentam, especialmente devido à boa relação de Pacheco com Lula, que já manifestou que ele é seu candidato ao governo de Minas Gerais em 2026. Apesar da pressão, Pacheco pondera, já que a eleição para governador é crucial no contexto eleitoral, e ele não tem um plano alternativo. Alcolumbre, por outro lado, está otimista e promete mobilizar apoio para Pacheco no Senado, vislumbrando uma votação histórica em sua indicação. Outros nomeados, como Jorge Messias e Bruno Dantas, são percebidos como menos favorecidos à posição. Além de contar com o respaldo de Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, Pacheco enfrenta um desgaste com o eleitorado mineiro por suas críticas a Bolsonaro, porém essa mesma defesa da democracia pode ser um argumento para sua ascensão ao STF. A situação se revela complexa, com decisões políticas que ainda precisam ser solidificadas.
Neste panorama, a dinâmica política entre Pacheco, Lula e Alcolumbre se entrelaça, potencializando candidaturas e possíveis nomeações, enquanto a aposentadoria de Barroso redefine as expectativas no Supremo, projetando uma fase decisiva para o senador.
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