Integrantes da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS relatam, nos bastidores, receio de que o colegiado vire palco de cortes de vídeos com foco eleitoral e “lacração”, deixando em segundo plano a intenção original de apurar fraudes nos descontos associativos de beneficiários do órgão.
A comissão foi instalada em 20 de agosto já com uma confusão. Por trapalhada da articulação política do governo, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), de oposição a Lula (PT), foi eleito presidente do colegiado e indicou como relator o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), também crítico ao petista.
Depois do susto, o Planalto conseguiu evitar novo desgaste ao apoiar o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) para a vice-presidência. O parlamentar, que ocupa uma vaga cedida pelo União Brasil, é um dos que adota a técnica de cortes de vídeos nos exatos momentos em que tem uma atuação mais incisiva no colegiado.
O comportamento dele é replicado por vários colegas, em um Fla-Flu criticado por parlamentares de esquerda e centro-direita nos bastidores. Na avaliação de alguns, a CPMI se tornou palanque eleitoral —o relator, por exemplo, sinaliza que vai concorrer ao Senado por Alagoas no ano que vem. Colegas atribuem a esse fator os questionamentos agressivos que Gaspar faz em algumas reuniões.
Na sessão que ouviu Antonio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, Gaspar se referiu ao depoente como ladrão, o que originou uma confusão com o advogado do empresário —a sessão foi suspensa depois que o deputado Zé Trovão (PL-SC) foi até a mesa da comissão e gritou para o defensor, Cleber Lopes, “baixar a bola” com dedo em riste.
Gaspar também foi o primeiro a pressionar o presidente da CPMI a dar ordem de prisão a Rubens Oliveira, apontado como operador de Antunes. Ele foi liberado no dia seguinte, sem pagamento de fiança, após prestar esclarecimentos.
Os parlamentares veem ainda foco eleitoreiro em deputados e senadores governistas e de oposição, que ficam tentando apontar para o governo do outro a culpa pelo escândalo das fraudes.
Outro ponto que compromete, na avaliação desses integrantes do colegiado, é o fato de já haver uma investigação em andamento para apurar o caso, conduzida pela Polícia Federal e pela CGU (Controladoria-Geral da União). Eles lembram que esses órgãos têm mais instrumentos e pessoal para apurar as irregularidades e que estão à frente da CPMI.
Parlamentares reclamam ainda da falta de uma linha de raciocínio para os trabalhos da comissão. O colegiado começou ouvindo um delegado da PF, uma defensora pública e ex-ministros da Previdência dos governos Lula e de Jair Bolsonaro. Agora, mudou o foco e tem priorizado o entorno do Careca do INSS. Para integrantes da comissão, isso demonstra que o interesse é só o espetáculo, e não a investigação em si.
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Integrantes da CPMI do INSS expressam preocupação com a possibilidade de a comissão se transformar em um palco eleitoral, desviando de seu objetivo inicial de investigar fraudes nos descontos associativos de beneficiários. Desde sua instalação, a comissão enfrentou polêmicas, especialmente com a eleição do senador Carlos Viana (Podemos-MG) como presidente e do deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator, ambos críticos ao governo Lula. Embora o Planalto tenha conseguido minimizar a situação com a indicação do deputado Duarte Jr. (PSB-MA) como vice-presidente, a prática de cortes de vídeos para promoção pessoal tem sido observada. Isso levou à dinâmicas polêmicas durante as sessões, como ofensas a depoentes e uma pressão intensa por prisões. Adicionalmente, há uma investigação da Polícia Federal sobre o assunto, que vem sendo avaliada como mais eficaz. Os parlamentares também apontam a falta de uma linha organizada de investigação, sugerindo que as audiências estão mais preocupadas com o espetáculo do que com a apuração séria das irregularidades que envolvem o INSS. Essa situação levanta questionamentos sobre a verdadeira finalidade do colegiado, ressaltando o desvio do foco original.
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