O Judiciário do Irã mandou prender dois organizadores de uma maratona após vídeos em redes sociais terem mostrado várias mulheres competirem no evento sem usar o hijab obrigatório, o lenço islâmico que cobre a cabeça e o pescoço.
“Apesar dos avisos anteriores sobre a necessidade de cumprir as leis e regulamentos atuais do país, bem como os princípios religiosos, costumeiros e profissionais (…) o evento foi realizado de uma forma que violou a decência pública”, citou o órgão judicial Mizan, do Ministério Público, segundo agências de notícias internacionais.
“Considerando as violações ocorridas e com base nas leis e regulamentos, foi aberto um processo criminal contra os oficiais e agentes que organizaram este evento”, acrescentou o relatório.
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A maratona foi realizada na sexta-feira (5) na ilha iraniana de Kish, no sudoeste do Irã, atraindo cerca de 5.000 participantes, em provas separadas masculinas e femininas.
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Segundo lembrou a RadioFreeEurope, Kish está em uma zona de livre comércio no Golfo Pérsico. Na tentativa de atrair turistas para suas áreas comerciais e praias, as leis de cobertura da cabeça costumam ser aplicadas de forma menos rigorosa.
Numa publicação nas redes sociais, a jornalista Masih Alinejad, que está exilada nos Estados Unidos e é ativista dos direitos das mulheres no país, contou que a Federação Iraniana de Atletismo tentou impedir a maratona porque muitas mulheres se recusaram a usar o hijab, mas que não conseguiu.
Segundo seu relato, 5 mil corredoras na Ilha de Kish disseram “não” ao uso obrigatório do véu e participaram da corrida. No vídeo postado pela jornalista, dezenas de mulheres aparecem na reta de chegada da corrida
“Para a mídia ocidental: isto não é reforma. Khamenei [o aiatolá Ali Khamenei, o líder espiritual do país] acaba de ordenar uma repressão mais severa, mas as mulheres continuam resistindo. Como me disse uma mulher: ‘Acabou. O regime islâmico está cancelado’”, escreveu Alinejad no X.
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Segundo a lei iraniana, o uso do hijab é obrigatório desde Revolução Islâmica de 1979, com infratores sujeitos a longas penas de prisão, multas e proibições de viagem. As leis são frequentemente aplicadas pela chamada polícia da moralidade do país.
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