Nesta data, o mercado financeiro volta os olhos para a chamada “Super Quarta”, a última de 2025, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil e o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos realizam suas reuniões decisivas sobre política monetária. O evento é visto por especialistas como um possível ponto de inflexão para os mercados, especialmente o brasileiro, diante das expectativas e incertezas que cercam as decisões dos dois bancos centrais.
No Brasil, a expectativa é de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, conforme consenso do mercado, refletindo a cautela diante de um cenário econômico que mostra desaceleração gradual da atividade, inflação ainda acima da meta, mas dentro da banda de tolerância, e um risco fiscal crescente. A incerteza política, intensificada pela recente indicação de Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência, adiciona volatilidade ao ambiente, impactando negativamente a bolsa e o câmbio. A decisão será acompanhada atentamente pela ata da reunião, que poderá sinalizar o início do ciclo de cortes de juros em 2026, com divergências entre analistas sobre o momento exato — janeiro ou março.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve enfrenta um dilema delicado: conter a inflação persistente, que ainda está acima da meta de 2%, enquanto observa sinais de desaceleração do mercado de trabalho. A expectativa é de que o Fed mantenha as taxas de juros nas próximas reuniões, iniciando um ciclo gradual de cortes apenas a partir de março de 2026. Essa postura prudente visa evitar um corte prematuro que poderia reacender pressões inflacionárias ou sinalizar uma recessão iminente, o que geraria instabilidade nos mercados globais.
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Para o economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, ambos os bancos centrais adotam posturas prudentes, mas com focos distintos: o Fed busca consolidar a desinflação, enquanto o Banco Central do Brasil tenta compensar a fragilidade fiscal. A expectativa é de um alívio monetário gradual em 2026, condicionado à evolução do quadro fiscal brasileiro.
Especialistas em investimentos, como Danilo Coelho, destacam que a Super Quarta pode ser um divisor de águas para o mercado brasileiro, principalmente pela possibilidade de migração de capital para países emergentes, caso o Fed sinalize cortes de juros.
“Se houver redução de juros nos Estados Unidos, isso tende a mudar a alocação de investidores internacionais, beneficiando o Brasil, cuja bolsa está em patamares mais descontados em comparação a outros emergentes”, afirma Coelho. Ele ressalta que, apesar da sinalização de manutenção ou corte leve da Selic no Brasil, a maior expectativa está no exterior, o que pode impulsionar o fluxo de investimentos para o mercado local.
Por outro lado, a volatilidade política interna, especialmente após a indicação de Flávio Bolsonaro, já foi precificada pelo mercado, segundo Coelho, e o impacto futuro dependerá das negociações políticas e das sinalizações sobre a política econômica do eventual governo.
No cenário internacional, notícias positivas, como a liberação pelos EUA da venda de chips da Nvidia para a China, e a expectativa de cortes graduais de juros pelo Fed, podem impulsionar os mercados acionários, aumentando o apetite ao risco dos investidores.
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Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, reforça que o Copom deve manter a Selic em 15% nesta reunião, com um tom firme no comunicado, reiterando a necessidade de juros elevados por um período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta. Ele projeta o início do ciclo de cortes em março de 2026, com um movimento gradual e orientado pelos dados econômicos.
Nos Estados Unidos, Sung prevê uma decisão dividida no Fed, com possível corte de 0,25 ponto percentual nesta reunião, seguido de pausa para avaliação dos dados subsequentes, mantendo a taxa próxima a 3% ao ano em 2026.
Assim, a Super Quarta representa um momento crucial para os mercados, com decisões que podem influenciar fluxos globais de capital, o apetite ao risco e a dinâmica dos ativos brasileiros. A combinação de um cenário doméstico ainda desafiador, com riscos fiscais e incertezas eleitorais, e um ambiente internacional que sinaliza possível flexibilização monetária, cria um contexto de atenção máxima para investidores e analistas.
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