
Zeca Pagodinho (à esquerda) é celebrado por Gilberto Gil na entrega do Prêmio UBC 2025 com direito a dueto no samba ‘Deixa a vida me levar’
Mauro Ferreira / g1
♫ CRÔNICA
♬ Reservado em meio à multidão que se aglomerava nas mesas e nos salões da Casa UBC, Zeca Pagodinho foi a estrela maior de uma noite feliz em que muitas outras estrelas da música brasileira se reuniram para celebrar o compositor carioca pelo conjunto da obra.
Em festa descontraída com “sabor de quintal”, como conceituou logo na abertura o mestre de cerimônias Júlio de Sá, Pagodinho foi laureado com o nono Prêmio UBC, recebendo o troféu das mãos de Marcelo Castello Branco e Fernanda Takai, CEO e diretora da União Brasileira de Compositores, respectivamente.
Na plateia, com mesas e cadeiras dispostas como se a Casa UBC fosse um dos muitos botequins frequentados por Zeca, o sentimento era único: saudar o sambista, querido em todo o meio musical e amado por todo o Brasil.
“Você não tem hater”, disse o apresentador Júlio de Sá para o homenageado, sentado com o neto Noah na mesa em frente ao centro do palco. O comentário arrancou risos da plateia também estrelada na festa realizada na noite de ontem, 10 de dezembro, na sede da UBC na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Em uma das mesas da frente, estava ninguém menos do que Gilberto Gil. Com a gratidão de ter recebido o primeiro Prêmio UBC das mãos de Zeca Pagodinho, em cerimônia realizada em 2017, Gil abriu o roteiro musical da noite cantando Deixa a vida me levar (Serginho Meriti e Eri do Cais, 2002) com o próprio Zeca.
Na sequência, Nego Álvaro cantou Chico não vai na corimba (Zeca Pagodinho e Dudu Nobre, 1998) – com a intimidade de quem frequenta as melhores rodas e quintais do samba carioca – e chamou ao palco Karinah, intérprete de Ai, que saudade do meu amor (1993), samba de Zeca com Arlindo Cruz (1958 – 2025), parceiro e amigo de Zeca desde os primórdios.
Vanessa da Mata reitera o momento luminoso como cantora no dueto com João Gomes no partido alto ‘Bagaço da laranja’
Mauro Ferreira / g1
A dupla também assina outro samba revivido no roteiro, Bagaço da laranja (1985), partido alto defendido por Vanessa da Mata – em momento luminoso como cantora – com João Gomes, o queridinho da música brasileira neste ano de 2025.
Em dueto com Zélia Duncan, Mariene de Castro pôs molho baiano em Brincadeira tem hora (1986), iguaria da parceria de Zeca com Beto Sem Braço (1940 – 1993).
A maioria dos números musicais promoveu encontros entre artistas de universos distintos. Com o toque reluzente do bandolim de Hamilton de Holanda, Moacyr Luz cantou Não sou mais disso (1996), parceria de Zeca com Jorge Aragão. Da mesma parceria, mas com a adesão de Sombrinha, Mutirão de amor (1983) foi feito por Roberta Sá (que já costuma cantar o samba em shows) com Wilson Simoninha, um dos diretores da UBC.
Já Teresa Cristina deu visibilidade a Lente de contato (1990) – lírico e pouco conhecido samba da parceria de Zeca Pagodinho com Jorge Simas e Wanderson Martins – com Rildo Hora na gaita. A pedido de Rildo, que alegou não estar ouvindo a própria gaita, o número foi repetido e, de fato, o som da gaita do artista resultou mais cintilante no imprevisto bis.
Mariene de Castro (à esquerda) e Zélia Duncan cantam ‘Brincadeira tem hora’
Mauro Ferreira / g1
“Não tô ouvindo a minha gaita”, gracejou Zeca Baleiro, dois números depois, antes de cantar Judia de mim (1986), samba da parceria de Zeca com o bamba Wilson Moreira (1936 – 2018). Antes de Baleiro, o trio Gilsons mostrou vivacidade no canto do partido alto Vou botar teu nome na macumba (Dudu Nobre e Zeca Pagodinho, 1995) em número feito com o rapper BK. O trio brilhou.
Representante do funk paulista, MC Hariel pegou a ponte aérea para se juntar ao carioca Xande de Pilares em outro partido alto, Faixa amarela (Zeca Pagodinho, Jessé Pai, Luis Carlos e Beto Gago, 1997).
No fim, com parte dos convidados novamente no palco, Zeca Pagodinho puxou Camarão que dorme a onda leva (Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Beto sem Braço, 1983), samba com o qual foi apresentado ao Brasil há 42 anos em álbum de Beth Carvalho (1946 – 2019), representada no palco pela filha, Luana Carvalho. O neto Noah também cantou alguns versos do samba, para orgulho do avô.
Encerrada a festa oficial, a cantoria continuou noite adentro na sede da UBC com a informalidade de um papo de botequim, ambiente preferido do premiado Jessé Gomes da Silva Filho, o popular (sem hater) Zeca Pagodinho.
Parte do elenco se reúne no fim da cerimônia do Prêmio UBC 2025 para cantar ‘Camarão que dorme a onda leva’ com Zeca Pagodinho
Mauro Ferreira / g1
________________________
__________________
_____________
_______
___
























